Escrevo hoje sobre música. Não essa música que conhecemos, das que tocam nas rádios, mas música que escutamos todos os dias dentro e fora de nossa mente e que determina a seqüência de afazeres no dia a dia de cada pessoa.
Cada palavra, ruído, som ou harmônico que é produzido ao nosso redor durante o dia inteiro, determina muitas das nossas decisões praquele dia e, talvez, respinga influencias para as decisões nos dias seguintes.
É um tema romântico que te faz repensar o que você disse ao namorado, um apito ou ruído que, de alguma forma, determina a direção da caminhada, evitando um assalto ou coisa assim. Sons que ouvimos, decodificamos como música e na seqüência o colocamos como determinante em diversas situações.
A vida não é um filme hollywoodiano, mas se parece muito com uma série de “Curtas”, nos quais nós somos intérpretes de nossa própria realidade, em textos de improviso e, geralmente, com trilha sonora alheia, onde se aproveita desde o som da natureza ambiente até o barulho do microondas ao final da contagem regressiva de aquecimento.
Os filmes e seus roteiros, geralmente, definem a trilha sonora. Mas na nossa vida as coisas se invertem porque somos influenciados, agora, pela infinita gama de sons produzidos individualmente e misturados em potencial, chegando aos ouvidos como um turbilhão sonoro.
Quanto mais sons tivermos, combinados entre si, mais rapidamente chegaremos a uma saturação dessa mistura de trilhas sonoras diversas, afinal de contas, a trilha da vida de um fulano empresta sons a vida de outro sicrano, assim como também as trilhas deste sicrano, servem de repositório musical para aquele fulano.
Pra entender toda essa dinâmica musical e filosófica não é muito fácil. Em razão disso, o cerne deste mini-ensaio de poucas palavras é dizer da simplicidade e ao mesmo tempo beleza que envolve tudo isso.
Nossos relacionamentos e vidas são interligadas, disso sabemos, mas qual seria o link e fixador de cada uma dessas relações sociais? O link é a música, mais especificamente, a trilha sonora de cada um, produzida por todos nós, todos os dias, desde muito tempo.
Continuaremos a produzir nossos pequenos filmes, romances, ação, novelas, seriados, terror, suspenses, enfim, gravados apenas em nossa memória de curta duração mas eternizada, de repente, na mente de alguém que nem conhecemos, um estranho que comprou nossos filmes mentais, nos quais ele também ajudou a construir, compartilhando suas trilhas musicais, efeitos sonoros, etc.
Viver é compor, arranjar, ouvir, avaliar, viver é bem mais do que copiar. Desde a hora que acordamos até o anoitecer, criamos tantas coisas e em todas elas, seguimos o trilho dos sons e ruídos que ouvimos, ininterruptamente.
Robson Costa - Bob -
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